LIBRETO - parte IV



Musical
"A Sacerdotisa 
na torre em esplendor"

Ato I  -  A Torre do Alquimista
Cena III  -  No império dos sentidos







Nuvens ...
muitas nuvens ...
nuvens chumbo ...
nuvens sobre nuvens ...
chumbo sobre chumbo ...
É o peso da mão forte do mundo das coisas e coisas a subjulgar a poderosa mente do grande Alquimista, impondo-lhe crenças num revide frontal, de alta monta, à Sacerdotisa. Para tal façanha usa todos os poderes do Império dos Sentidos, pois este, se lhe oferece em plenitude para ser comandado.
Pelos céus e sertanias do grande império o ecoar dos Tambores Imperiais tramam a orquestração da grande cena ...
Os relâmpagos saltam à frente dos céus, como estrias azuis, numa aquarela teatral dramática cujo pano de fundo e moldura são nuvens de chumbo sobre chumbo ...
Tempestade ...
Causada e mantida pelo poder da mente do Senhor da Torre.
E a bailarina, musa da criação, à frente e acima dessa aquarela dramática, brilha e evolui ...




No panteão da consciência os tecelões apressam-se nos últimos preparativos para o tecer da reinvenção do ser em si mesmo.




É um tecer de difícil bordadura pois, no bojo da trama está o defrontar o Senhor da Torre, pleno comandatário do império dos sentidos.
Poder e conhecimento nas artes alquimistas de um sábio, no fogaréu do ego-revide-vaidade, a mover céus e terras reprojetados num quadro tenebroso cujas cores impressionistas de exuberantes pinceladas de pesadelo, numa ribalta de emoções traumáticas, derramam sobre essa estranha aquarela tristeza, revolta e melancolia.
E os céus do império dos sentidos estão totalmente tomados por nuvens chumbo sobre chumbo de horizonte a horizonte.
Eis o império dos sentidos decadente e devastado por maliciosos e sedutores pensares e propósitos do mundo das coisas e coisas;
Eis a tempestade a intensificar-se.
Eis os vendavais. Mais vendavais.
... E a musa da criação, a bailarina a frente e acima dessa aquarela aterrorizante, com vestes de sereia estelar, brilha e evolui ...





O Senhor do Império dos Sentidos permanece no ataque a Sacerdotisa, pois sua desconfiguração no uso do raciocínio completamente aprisionado no mundo das coisas e coisas, se lhe obriga a erguer muralhas insanas no entorno da conduta donde, desesperadamente, é fugitivo: a renúncia dos pensares obedientes e servis ao mundo das coisas e coisas e mais coisas e muitas coisas e tantas coisas ...




... E as Alquimistas, no grande Salão do Panteão da consciência, magnificamente, dançam. ... E dançam em total entrega à sintonia de energização com a Sacerdotisa.
Cansadas, olhares exaustivos, sapatilhas de ponta e asa rasgadas e vestes a trapos em seus corpos celestiais; consequências, do alto poder de ataque do Senhor da Torre.
... Porém, dançam. Espetacularmente dançam ...
... E dançam o balé dos cantares para abertura e travessia da ponte do conhecimento.


Nos frontais dos altíssimos paredões do Panteão, entre as grandes colunas, os tecelões continuam a tecer as vestes da reinvenção do ser.




Túnicas.
Muitas túnicas ...
Tecidas em luzes.
Muitas luzes ...
... formam um grande círculo com 144 Mestres do Pensar a trajá-las na expressão de busca dos pensares evoluídos do Senhor da Torre.
Busca por pensares evoluídos ...

No centro do grande círculo as Alquimistas dançam.




Cantares e cantares em brados fortes e pungentes. São os Tecelões em passos de dança e tambores a posicionarem-se no centro do Panteão da Consciência. Seu líder traz na face a expressão Divina e nos braços, as vestes ...

... as vestes da reinvenção do ser estão prontas.
... e ilumina, ... e brilha, ... e resplandece ...

As vestes da reinvenção do ser ...




Artesanadas em fios de intensa concentração força-energia, conduzem uma trama de cintilações sobrepostas de saberes Divinos à disposição da exata determinação da vontade de quem vestir tal vestes. E essa vontade-auto-determinação permite à ponte do conhecimento ambos os sentidos da travessia sob gerenciamento do ser humano, a expandir-se infinitamente tanto para o seu interior quanto para fora do ser, para todos os seres, para o mundo, para a existência onde houver, para o universo e para o infinito.




... E o líder dos Tecelões
ergue os braços
e as brilhantes vestes.
Seu coração pulsa
nos intensos olhares e olhares
de todos por todo o Panteão.
Nos cantares dessa comoção,
as  Alquimistas circundam
o grande líder em magnífica dança.
A cena é espetacular:
As sereias do Panteão energizadas
na graça, beleza, suavidade e leveza,
bailam entorno do Mestre dos Tecelões,
o Artesão de feituras no tecer em luzes.





No círculo maior
os mestres do pensar,
entoam corais
a expressarem,
em grande monta e força,
evoluídos pensares ...

.. evoluídos pensares ...

... o ritmo dos Tambores
Imperiais da Alquimia,
com as fortes batidas dos Aldeões,
soam e ressoam pelo gigantesco salão,
colunas e paredões ...
... as Alquimistas cantam ...
... e, maravilhosamente, dançam ...




As vestes
agora, não mais a trapos,
pois, reluzem cantares
expressados pelas melodias
a inundarem os belos
jeitos de corpos
e curvas de ritmos,
impregnados numa dança

de pensares ...




... pelas Musas do Panteão ...
... pelos Mestres do Pensar ... 
... Tecelões ...
... e diante do grande portal da torre, 
pelas centúrias de Aldeões a intensificar
o som dos Tambores Imperiais da Alquimia ...

... e as fundações da torre do velho castelo,
tremulam com suas imensas colunas e paredões.





... os mestres do pensar
entoam cantares
de força e fé Divinas, ...

... o líder dos Aldeões,
diante de suas centúrias,
em brado
de primeira voz,
deixa clara a mensagem:

a Sacerdotisa convoca,
com urgência, as Alquimistas
para a grande dança das celestes imperiais,
pois, em virtude do confronto,
os céus do Império
dos Sentidos

estão em chamas ...

 




Todos os presentes, no Panteão da Consciência, acompanham o líder dos Tecelões em seus cantares na preparação das Alquimistas:
é magnífico ...
é intenso ...
é primoroso ...
... pois, juntarão forças com a poderosa Sacerdotisa, a Sereia estelar, na grande dança das Celestes Imperiais, nos céus em chamas, do Império dos Sentidos ...





... vestes ...
... tecer formas ...
... tecer pensamentos ...
... tecer as vestes destas formas pensamentos ...
... tecer as próprias vestes ...
... e vestir os pensamentos e suas formas pensadas ...
... e trajá-las, na mais elegante das consciências, num desfile glamoroso das mais evoluídas formas pensamentos ...

... explicados na iluminação pessoal dos seres ...

... na conquista do reconhecimento do caminho ...

... na determinação inabalável e inabalável de trilhá-lo ...

 Toda essa matemática, Divina do tecer, é artesanada em complexas ciências quânticas do pensar, traduzida em tramas e bordaduras, numa dança dos movimentos e movimentos de mãos a evoluir, no balé dos dedos, fibras luminosas num tecer de inabalável determinação ...

... Eis os tecelões a concluir poderosas vestes ...

... Eis as vestes das Alquimistas para a grande dança das Celestes Imperiais ...







Vem sonhar no Teatro dos Sentidos.
Ato I - Cena I:
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